História
Em uma fazenda chamada “Jatobá”, um dia ali chegou “um profeta”, um destes “beatos” que naquele tempo andavam de lugar em lugar, falando de penitência e outras devoções particulares, impressionando a mente simples do povo. Levou o vaqueiro da fazenda ao alto de um morro próximo, e ali, entregando a ele um cavador de madeira, mandou que abrisse um buraco na pedra bruta, que cobre quase todo o monte. Ele mesmo foi ao mato próximo trazendo logo depois uma cruz de madeira. O vaqueiro não havia cavado nada, naturalmente.
O velho abaixou-se, traçou com o dedo um círculo na pedra, e com a mão toda, sacou um extrato da mesma, ficando aberto o buraco um tanto profundo e circular, como se pode ver ainda hoje ao lado da Igreja. Ali fincou a cruz e disse ao vaqueiro que, por aquele sinal um dia aconteceriam maravilhas. Em seguida desceu o morro e já próximo ao rio São Nicolau, mostrou-lhe uma nascente de água (olho d’água) que o vaqueiro não conhecia, apesar de tantos anos campeando naquela região. Também falou que, por aquelas águas, até milagres haveria de acontecer.
Contam que o velho depois seguiu viagem, ou que teria simplesmente desaparecido. O vaqueiro voltou aos seus trabalhos, esquecendo o incidente. Tempos depois adoece uma filhinha sua. Piorando cada vez mais, apesar das “meizinhas”, rezas e promessas. Lembrou-se o vaqueiro da cruz que ficara lá no morro. Levou a criança até lá, rezou com e depois, no olho d’água, deu-lhe um banho e a fez beber daquelas águas límpidas. Voltou para casa com a filhinhas completamente curadas.
Da admiração e gratidão que o fato provocou, e de muitos outros “acontecidos”, surgiu uma devoção que já se espalhava por todo Nordeste, acrescida cada dia por mais histórias, mais lendas e mais “casos”, atração que leva milhares de pessoas a Santa Cruz todos os anos.