ONU Brasil lança campanha pelo fim da violência contra jovens negros
A Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil lançará nesta terça-feira, 07, na Casa da ONU, em Brasília, a campanha Vidas Negras, pelo fim da violência contra jovens negros. O objetivo é sensibilizar sociedade, gestores públicos, sistema de Justiça, setor privado e movimentos sociais a respeito da importância de políticas de prevenção e enfrentamento da discriminação racial.
A iniciativa, principal ação da ONU Brasil no mês da Consciência Negra, aborda diferentes facetas da questão, como a discriminação como obstáculo à cidadania plena, o tratamento desigual de pessoas negras em espaços públicos, a filtragem racial e o vazio deixado pelos jovens assassinados nas famílias e comunidades. A campanha pretende ainda estimular o debate sobre a necessidade urgente de medidas voltadas para a superação do racismo nos diferentes segmentos da sociedade.
O lançamento contará com a presença do coordenador residente da ONU, Niky Fabiancic, de representantes do governo e da sociedade civil que atuam no tema e do ator Érico Brás – apoiador da campanha.
Vítimas da violência e racismo
Para a ONU, o racismo é uma das principais causas históricas da situação de violência e letalidade a que a população negra está submetida. Atualmente, um homem negro tem até 12 vezes mais chance de ser vítima de homicídio no Brasil que um não negro – segundo o Mapa da Violência – e sete em cada dez pessoas assassinadas são negras.
Na faixa etária de 15 a 29 anos, são cinco vidas perdidas para a violência a cada duas horas. De 2005 a 2015, enquanto a taxa de homicídios por 100 mil habitantes teve queda de 12% entre os não negros, para os negros houve aumento de 18%.
De cada 1 mil adolescentes brasileiros, quatro serão assassinados antes de completar 19 anos, de acordo com dados divulgados recentemente pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Se nada for feito, de 2015 a 2021, serão 43 mil brasileiros entre 12 e 18 anos mortos, sendo três vezes mais negros do que brancos.
Segundo pesquisa realizada pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e pelo Senado Federal, 56% da população brasileira concorda com a afirmação de que a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a morte de um jovem branco. O dado revela o grau de indiferença com que os brasileiros têm encarado um problema que deveria ser de todos.
“O Brasil é um dos 193 países comprometidos com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Um dos principais compromissos dessa nova agenda é não deixar ninguém para trás em relação às metas de desenvolvimento sustentável, incluindo jovens negros. Com a campanha Vidas Negras, a ONU convida brasileiras e brasileiros a se engajarem e promoverem ações que garantam o futuro de jovens negros”, declara Niky Fabiancic.
Fonte: Amex, com Rádio Vaticano